quinta-feira, 4 de abril de 2013

O PRIMEIRO JOGO DE FUTEBOL ENTRE BRASILEIROS E ESTRANGEIROS QUE VI EM PLENO SERTÃO


De 1921 para 1922, instalou-se no polígono das secas do Nordeste a Comissão Mista Americana, para construir açudes naquela região. Entre muitos projetados estavam: Boqueirão de Piranhas, São Gonçalo, Curema e Pilões, todos na Paraíba. A verba foi de seiscentos mil contos de réis, que só deu para a construção de casas , uma igreja católica e outra protestante, fábrica de gelo e sondagens. Tudo foi preparado para dar conforto e bem-estar para todos os participantes da Comissão, que era composta de pretos e brancos, americanos, ingleses alemães, holandeses e a maioria de africanos. Foram iniciadas as obras de Boqueirão e São Gonçalo. Uma frota de caminhões GMC transportava toda a maquinaria e material em geral. Em Lavras de Mangabeira, desembarcava o que vinha de trem da capital cearense; outra parte vinha do Recife e Cabedelo. Boqueirão e São Gonçalo ficam entre Cajazeiras e Sousa. Eu fui empregado na casa de Mister Jack Jones, ganhando dez mil réis por semana, para fazer mandados externos, e ligar a chave da bomba de puxar água, dar banho nos cachorros e brincar com as crianças. No princípio era uma tortura, porque eu não entendia a língua deles, nem eles me entendiam, Dona Cristina, esposa de Mister Jones, era uma jóia de criatura, me tratava com todo o carinho. Eu não sei se era porque era sardento aloirado, igual a seus filhos, ou se era porque eu fazia tudo que ela mandava na maior rapidez. Ela me trava de mai boi. Até hoje eu sinto não ter ido embora com eles para a Inglaterra. Mas deixemos esse assunto para lá e vamos ao caso do jogo de futebol de Cajazeiras. Naquele tempo, havia três times em Cajazeiras: o Centenário, com as cores do Fluminense, o Ipiranga com as cores do América, e o Pitaguara, com as cores do Botafogo.
FORMAÇÃO DOS TIMES
Em Boqueirão e São Gonçalo, o pessoal da construção também tinha seus times e por isso foi combinado um jogo amistoso, entre brasileiros e americanos. O jogo foi marcado para um dia de domingo em Cajazeiras. O campo existente não servia, porque era pedregoso e acidentado. Construíram outro campo a meia légua fora da cidade, e com sua extensão maior que o Maracanã.
O jogo seria quase de caráter internacional; racionalmente era, porque nossos jogadores eram todos brasileiros, e os deles, estrangeiros. Conheciam futebol e suas regras, portanto eram superiores, e logicamente seríamos derrotados. Zé lira, além de jogador, era o treinador e o organizador. Por isso, resolveu tomar emprestados alguns jogadores à outra cidade, pra formar um escrete à altura de enfrentar os estrangeiros. O escrete sertanejo, chamado de brasileiro, estava pronto e o jogo seria a 7 de setembro, dia da Independência; o time treinava todos os dia: “Temos que jogar para ganhar”, era o convicção de todos.
FORMAÇÃO DOS TIMES
Uma tarde a turma estava treinando e assisti quando a bola caiu ao lado do gol, onde estava um cidadão, que apanhando a bola com o pé e chutando, como se soubesse jogar futebol, chamou a atenção de Zé Lira, que imediatamente se dirigiu ao mesmo e perguntou:
- O senhor sabe jogar futebol?
- Já joguei.
- De onde é o senhor?
- Sou do Rio de Janeiro. Sou mecânico e vim trabalhar com a comissão americana, mas não me dei bem e vou voltar pra minha terra.
- O senhor quer dar um treino com a gente, agora mesmo?
O treinador lhe deu um calção e um par de chuteiras de outro jogador, e ele entrou em campo.
Assim que apanhou a bola, driblou todo mundo e fez o gol. A turma endoidou com o rapaz, que acabou sendo carregado nos braços até o centro da cidade, onde ficou hospedado na sede do Pitaguara. Mandaram logo o alfaiate, Mestre Enéas, vesti-lo com roupa nova e o empregaram logo mecânico. Não me lembro seu nome, porém sei que foi apelidado de Pita, que, com esse nome, ganhou a fama e tornou o maior jogador do tal escrete brasileiro.
O JOGO
No dia do jogo, o campo estava enfeitado por todos os lados. Em volta, havia um toldo de lona, que abrigava o povo, as comidas e as bebidas, que eram demais. Uísque, conhaque, cervejas e vinho do Porto e conservas de toda espécie, tudo de origem estrangeira, exceto a carne, de mais de dez bois, para o povo comer de graça; tudo por conta da verba de seiscentos mil contos de reis. O povo nunca tinha visto uma festa tão rica! A frota de caminhões GMC transportava gente de todas as cidades adjacentes.
- Êta, bicho rico danado é americano, hein, compadre! Isto é que é festa, a gente come e bebe e os gringos é quem paga!
A turma gostava de comer e beber de graça, somo Santos Bezerra, Severino Riachão, Higino, Apolinário e muitos outros. Beberam uísque e conhaque, cerveja e vinho, perguntavam um para o outro:
- Quê tu acha do tal uísque?
Respondeu o outro:
- É bom que é danado, mas tem um gosto de mijo de bode, da peste.
- E o tal de sovete de gelo?
- Que gelo, que sovete, que nada, rapaz, isso é vidro americano moído, misturado com água e leite de coco! Mas como tudo é de graça, vamo bebê e bancá o americano também!
A festividade estava parecendo um dia de jogo da Seleção Brasileira com outra estrangeira. As bandeiras hasteadas e a banda de música tocando o Hino Nacional Brasileiro e o Americano.
Começou o jogo. Os jogadores americanos, de capacete de couro, causaram grande admiração nos matutos, que perguntavam uns para os outros:
- Pra quê queles bota aquela casca de coco na cabeça? Será que mandiga pru-mode ganhá o jogo?
Os brasileiros, no meio dos tais americanos, pareciam galos garnisés, lutando contra dez galos de raça.. o jogador Pita, logo de saída, levou um pontapé tão violento no buzanfã (bunda), que subiu um metro, para cair, igual a jenipapo maduro. Aí um brasileiro gritou:
- Tenha vergonha gringo da peste, safado, fio da peste!
A diferença era grande fisicamente, mesmo assim o Pita, no meio deles, parecia mais um tico-tico no fubá. E aproveitando a altura deles, chegou a passar por das pernas de um. Teve uma hora que houve um ataque em massa, por parte dos americanos, e alguém gritou:
- Eita cu de boi danado!
O primeiro tempo terminou zero a zero, e o povo invadiu o campo querendo pegar o jogador que deu o pontapé no Pita, mas a polícia não deixou.
Durante o intervalo os jogadores estrangeiros, para se refrescarem estavam passando gelo na cabeça.. Higino Apolinário gritou pra um jogador que estava perto dele:
Num faz isso não, moço, que você estupora!
O americano se aborreceu e um soco na cara dele, dizendo:
- Gademe Fox iu...
- Eleodoro barbeiro, levantando-se, disse rindo:
- Bem feito, tu qué falá americano sem sabê...
- Mas eu não falei americano com ele, disse apenas que podia estuporá...
- E tu sabe lá se essa palavra estuporá, num qué dizê nome feio na terra dele?
O segundo tempo começou. Os jogadores estrangeiros estavam quase todos puxando fogo (bêbados) e corriam mai do que emas nas várzeas. O jogador Pita era mais marcado e perseguido, mesmo assim conseguiu se livrar, driblar todos com bola e tudo, fazendo o gol da vitória dos brasileiros. Aí começou a tribuzana e o pau quebrou. As mulheres e crianças corriam por dentro do mato, gritando e rasgando as roupas, que dava a impressão do estouro de uma boiada correndo, com medo do fogo. Eu, que havia comido mais do que filho de ladrão quando o pai está solto, estava trepado nos galhos de uma árvore e fiquei até o fim, observando. O povo corria no caminho da cidade, fugindo do tiroteio, que apenas era intimidar, e felizmente não houve feridos. A não ser aqueles que me machucaram, correndo por dentro do mato.os estrangeiros, como se não tivesse havido nada, continuaram comento e bebendo, na maior alegria, como se tivessem ganho o jogo. Eu e uma turma de meninos, que nunca havíamos tomado sorvete nem comigo gelo, que a gente chamava de água dura, ficamos de bucho cheio, que não dava pra meter o delo na goela e vomitar.
E foi assim que terminou a festa e o jogo entre brasileiros de Cajazeiras e os estrangeiros da Comissão Mista America, que trabalhavam na construção do açudes de Boqueirão e São Gonçalo, na Paraíba. Para dizer a verdade, foi um jogo de arrancar rabo, mas que foi divertido, foi!
 

Zé do Norte, um cajazeirense esquecido pelos seus conterrâneos.


Alfredo Ricardo do Nascimento, bem conhecido no meio musical como Zé do Norte, nasceu na cidade de Cajazeiras, Paraíba, em 18 de dezembro de 1908 e faleceu no Rio de Janeiro, em 02 de outubro de 1979. Foi um artista autodidata de origem humilde. A sua infância no interior paraibano ficou bem marcada em sua memória, quando ainda criança para sobreviver à dura realidade de sua época, pegou no pesado, trabalhou com sua família desde os nove anos arrastando o cabo de uma enxada na limpeza das roças. Depois foi catador de algodão e almocreve pelos sertões da Paraíba, Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte, Piauí e na cidade de Codó no Estado do Maranhão. Perdeu os pais aos 11 anos de idade, indo morar com um tio. Dois anos depois fugiu de casa, devido um desentendimento que culminou com uma briga. Foi cantor, compositor, poeta, escritor e folclorista. Nunca estudou música, mas desde pequeno admirava e gostava de acompanhar os cantadores de viola, chegando a viajar três a quatro léguas para assistir as cantorias. 
Na sua cidade natal, foi funcionário da limpeza do antigo Colégio Salesiano Padre Rolim, hoje Colégio Diocesano de Cajazeiras, onde mesmo propondo a direção daquele estabelecimento de ensino, trabalhar de graça para poder estudar, não foi aceito por que, conforme lembra, o então diretor daquele estabelecimento de ensino o informou que "aquele era um colégio exclusivo para pessoas de família".
“No Colégio Salesiano, minha função era varrer, limpar tudo. Mesmo assim, o Padre Gervásio Queiroga, Diretor na época, não quis me dar oportunidade. Pelo contrario, me discriminou, dizendo que estudar ali era pra menino rico. Fiquei muito triste, pois queria apenas estudar, como pagamento pelo meu trabalho”. Disse (amargurado) o compositor.
Sem não ter encontrado chances de obter educação formal, em 1921, aos 18 anos, saiu de Cajazeiras praticamente analfabeto com destino a Fortaleza-Ceará, para alistar-se no exército brasileiro. De lá foi para o Rio de Janeiro em 1926, onde acabou indo servir no I Regimento de Infantaria da Vila Militar. Depois se formou em Enfermagem.
No Rio, Zé do Norte surge no panorama musical quando foi descoberto por Rubens de Assis e pelo dramaturgo Juraci Camargo, ao saber através de amigos, da embolada “Errou o Tiro”, convidou o artista para atuar em um show na Feira de Amostra do Rio de Janeiro. 
Zé do Norte, que no evento trabalhava como fiscal da feira, cantou para uma platéia de 20 mil pessoas, que vibraram pedindo para que o mesmo repetisse diversas vezes à embolada “Errou o Tiro”, obtendo grande sucesso e agradando o público carioca e aos artistas presentes, chegando até receber um cachê pela apresentação.
Depois de mostrar seu talento na Feira de Amostras, em 1939, o artista que era conhecido como João Joca - seu primeiro nome artístico, acabou sendo levado por Lacy Martins, para a Rádio Tupi. Depois foi convidado pelos diretores para integrar o cast daquela rádio, onde mais tarde passou a apresentar o programa “Noite da Roça”, que foi responsável pelo lançamento de diversos artistas e no qual se apresentaram, entre outros, a dupla sertaneja Alvarenga e Ranchinho e Luz “Lua” Gonzaga, este ainda em começo de carreira. Um ano depois, em 1941, foi para a Rádio Transmissora Brasileira (atual Rádio Globo) onde participou dos programas, “Desligue, Faz Favor” e “Hora Sertaneja”.
Ao lado de outros iniciantes da música nordestina, Zé do Norte viu surgir a grande oportunidade de afirmação de seu talento, tendo nesse período de 1928 e até o final da década de 50 tido intensa participação na difusão da cultura e do cantar nordestino na antiga capital federal.
Zé do Norte só voltou a sua terra em 15 de setembro de 1985, quase 60 anos depois, para ser homenageado como patrono do IX Festival de Arte da Paraíba, que naquele ano era realizado em Cajazeiras. Quase desapercebido, em função do evento ter sido realizado três meses antes das comemorações natalinas.
Durante a semana do festival algumas atividades foram feitas na cidade para marcar aquela que seria a data de 90 anos de Alfredo Ricardo do Nascimento e a comemoração do seu retorno a cajazeiras. Para os que acompanharam a programação do evento, uma pergunta carregada de curiosidade calou a boca de muita gente. Quem seria ele? Mesmo que dissessem se tratar de Zé do Norte, outros tantos perguntariam, quem é, que importância ele teria para receber tal honraria?
“Ser chamada a Cajazeiras como patrono do IX Festival de Arte da Paraíba é a maior alegria de toda a minha vida. Quando recebi a notícia, passei uma meia hora sentado. Sem sequer conseguir me levantar de tanta emoção. Pensei até que o coração fosse parar, principalmente por me encontrar convalescendo de uma efisema recente.” Afirmou o compositor.
Na sua minúscula produção literária, porém grande na importância que foi no conjunto para a contribuição do conhecimento da música e da cultura regional nordestina. Zé no Norte deixou três livros publicados. O primeiro, lançado em 1948, no Rio de Janeiro pela Asa Artes Gráfica, com o título Brasil Sertanejo, traz em seu conteúdo, histórias, curiosidades, cantigas, mentiras e anedotas, poemas e dialeto do universo cultural do sertão do nordeste. O segundo foi “O lobisomem de Cajazeiras", que na época não passou pelo crivo oficial dos conselhos editoriais vigentes livro esse que segundo comentários feitos na imprensa carioca, teria sido plagiado em textos teatrais e novelas de TV, com nome de outros autores. O livro só foi editado em 1985, no Rio, juntamente com o terceiro livro, “Memórias de Zé do Norte”, trabalho biográfico que fala de suas memórias no rádio e na música brasileira. Quando era perguntado sobre a imitação do seu romance “Lobisomem de Cajazeiras” em produções de teatro e televisão (como foi o caso da novela Saramandaia e a mini-série O Bem Amado - Rede Globo), ele sempre foi cauteloso na resposta, não preferindo afirmar nada, mas também não desmentia. Dizia apenas que um dia a verdade chegaria à tona.

Zé do Norte: Lua Bonita (gravação original)


A nova geração conhece Lua Bonita pela bela regravação feita pelo maluco beleza Raul Seixas. No entanto, a música foi originalmente gravada em 1953 por Zé do Norte, autor da canção em parceria com Zé Martins, para a trilha sonora do clássico de Lima Barreto, "O Cangaceiro", que foi considerado o melhor filme de aventura do Festival de Cannes daquele ano. Nesse mesmo filme, Zé do Norte também lançou Mulher rendeira, outro clássico da MPB. Aliás, mesmo no Nordeste, esta música é tão enraizada no imaginário coletivo, que a maioria das pessoas a vêem como herança folclórica, de domínio público e autor desconhecido. A trilha do filme, que tem parte das músicas de outros autores, em muito contribuiu para tornar a música de Zé conhecida em todo mundo - Europa, EUA, União Soviética - já que, na época, a fita foi vista em 80 países e por quase 50 milhões de pessoas!
Texto de Enoque Feitosa informa que Alfredo Ricardo do Nascimento, ou melhor, Zé do Norte, nasceu em Cajazeiras em 18 de dezembro de 1908 e migrou para o Rio de Janeiro em 1926, ao completar 18 anos. Se vivo estivesse estaria completando, em 2009, 101 anos de uma vida marcada por intensa ligação com seu povo e sua cultura e por belíssimas músicas que fazem parte do cancioneiro nacional.
No Rio, na esteira da afirmação da música nordestina, através de Luiz Gonzaga, em programas da Rádio Nacional, criada após a Revolução de 30 por Getúlio Vargas, para estimular a difusão de uma Cultura Nacional-popular, Zé do Norte, foi descoberto pelo homem de teatro Joraci Camargo, autor de "Deus lhe Pague" e "Sindicato dos mendigos". Ao lado de outros que na mesma época eram atraídos pelo Rio, como João Pernambuco, Jaime Florence, (o Meira, que com o Dino 7 Cordas formou uma das mais duradouras duplas do violão brasileiro), Luperce Miranda, Jackson do Pandeiro, entre outros, Zé do Norte viu surgir a grande oportunidade de afirmação de seu talento, tendo nesse período de 1928 e até o final da década de 50 tido intensa participação na difusão da cultura e do cantar nordestino, na antiga capital federal.
Zé do Norte saiu de Cajazeiras praticamente analfabeto. Lá, foi funcionário da limpeza de um colégio particular e mesmo propondo trabalhar de graça para poder estudar, não foi aceito por que, conforme lembra nas suas memórias, o então diretor o informou que "aquele era um colégio exclusivo para pessoas de família". Mesmo assim, sem chances de obter educação formal, Zé não abriu mão de adquirir sólida formação humanista, que foi decisivo para vinculá-lo as suas raízes e produzir uma música bela e evocativa dos sentimentos de sua gente. Zé produziu cerca de 200 obras musicais, boa parte carecendo de um trabalho de catalogação. Sua obra é cantada hoje no Brasil e no exterior, embora nem sempre a fonte seja citada.
No período mais fértil da carreira de Joan Baez, ali nos anos 60, vários artistas, como Bob Dylan e a própria Baez foram buscar no folclore americano e na música da América Latina fonte de inspiração. E é num de seus primeiros discos, o "Joan Baez 5", que encontramos a "Mulher Rendeira", com o título de "O Cangaceiro" e com o Zé do Norte com seu nome de batismo completo, Alfredo Ricardo do Nascimento. Nesse mesmo disco, Baez gravou a "Quinta Bachiana", de Villa-Lobos.
Na MPB uma outra canção sua muito conhecida é "Sodade, meu bem, sodade", toada gravada pela primeira vez por Vanja Orico, em 53. É dele também "Meu Pião", que gravou em 71 e que tornou-se conhecida na voz de Geraldo Azevedo. Suas músicas, além de evocativa das coisas sertanejas, têm muito lirismo, como se vê em "Sapato de algodão ("eu fui dançar/ com meu sapato de algodão/ o sapato pegou fogo/ eu fiquei de pé no chão"), Zé do Norte só voltou a Paraíba quase 60 anos depois, em 1985, para ser homenageado em um festival cultural. O conjunto de sua contribuição à MPB e as Culturas Nacional e Regional é imensa e ainda pouco conhecida, sendo utilizada, como é o caso de "O lobisomem de Cajazeiras", em textos teatrais e novelas de TV, em nome de outros autores. Ele foi um representante típico daqueles artistas enquadrados na definição de Tolstoi: "Sou universal ao falar de minha aldeia. Descreva sua terra e assim estarás descrevendo o mundo todo". Zé morreu em 4 de janeiro de 1992 no Rio de Janeiro.

O Cangaceiro : "Mulher Rendeira"

Title "Mulher Rendeira" is from the movie "O'Cangaceiro" (1953) of Lima Barreto. The music is from Zé do Norte.